Mobilidade e cosmopolitismo nos livros infantis de Ziraldo/ Projeto MinasMundo.
Não foi com as aventuras dos personagens do Sítio do Picapau Amarelo que sonhava omenino Ziraldo Alves Pinto na cidade de Caratinga dos anos de 1930. Filho de umcomerciante e de uma costureira que também sabia fazer livros de papel, Ziraldoimaginava aventuras no espaço sideral, personagens astronautas e heróis de histórias emquadrinhos. Desenhando na escola e ilustrando os livros de casa o menino tomou gostopela escrita. Em 1969, Bacharel em Direito e morando no Rio de Janeiro, lança seuprimeiro livro infantil, Flicts, o mais traduzido entre todos. A partir daí, conquista pormeio da editora Melhoramentos um lugar importante no mercado editorial brasileiro. Nadécada de 1980, a literatura infantil se inscreve no desenvolvimento de uma indústria dolivro produtora de padrões universais que justificam a sua exportação mundial #8722; antesmesmo da telenovela. A industria cultural trouxe com ela um nova geração de escritorase escritores, José Mauro de Vasconcelos, Ana Maria Machado, Ruth Rocha e Ziraldo.Face à interdição dos espaços de produção intelectual pela censura, esse grupo passa adiscutir o país, a política e a cultura no livro infantil.Para Ziraldo, os anos 1970 foram passando pelo humor e as charges políticas no jornalO Pasquim. O livro menino maluquinho, de 1980, expressa esse movimento. Não poracaso, o escritor diz ter feito do desenho narrativo arte aplicada, ligando a ponta dafeitura a do entendimento. De mãos dadas com as crianças Ziraldo atravessou fronteirasnacionais, temporalidades e, até hoje, aos 90 anos, segue encantando gerações.Gostaria de testar a hipótese de que o cosmopolitismo do escritor como disposiçãoíntima e relação social provoca identificações e assegura a mobilidade de seuspersonagens e livros. Para tanto, proponho o estudo da mobilidade dos livros infantis deZiraldo, relacionando-a aos processos de sua formação e experiência profissional. Asondas de traduções do Flicts, assim como os destinos internacionais dos títulos dasséries meninos e meninos e planetas são os objetos do estudo. A migração do textopor universos linguísticos implica novas autorias e, por conseguinte, transposições dosignificado. O desenho narrativo pode mostrar a intenção original sendo refeita emuniversos estéticos de recepção. Cabe saber de que modo a cultura visual de Ziraldoimaginada em um país de língua portuguesa, periférico e historicamente importador,favorece a ampliação do leitorado, alterando os sentidos dos textos.
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (2) / Mestrado acadêmico: (1) .
Integrantes: Andrea Borges Leao – Coordenador.
Número de produções C, T & A: 3