Os pardos no Ceará e a política de ação afirmativa na UFC
O presente projeto de pesquisa objetiva analisar processos de racialização de estudantes pardos ingressantes pelo sistema de cotas raciais na UFC. Quais processos e experiências de vida foram determinantes para que estes estudantes passassem a se reconhecer como negros? Interessa-nos enfocar também os casos de estudantes não aceitos pelas comissões de heteroiodentificação como negros e aqueles que foram acusados de tentar fraudar as cotas, sendo brancos que teriam ingressado como negros.A política de ação afirmativa para o ingresso de estudantes negros nas universidades federaisbrasileiras passou a ser obrigatória graças à lei 12.711/2012, e foi criada para reparar asdesigualdades impostas aos descendentes da população afrodescendente escravizada.Enquanto 65,7 da população cearense se declara parda, 28 se considera branca, apenas 5 se reconhece preta. Como demonstra Hasenbalg em Discriminação e Desigualdades Raciais no Brasil (1979), os pardos estão muito mais próximos do grupo dos negros quando considerados os efeitos estatísticos da discriminação racial no Brasil. No entanto, se o pardo ainda é considerado uma zona intermediária em relação ao reconhecimento racial, ela é, no entanto, central para estabelecer distinções entre pardos identificados como negros e que de fato sofrem racismo sendo, portanto, aqueles a quem se destinam as ações afirmativasdaqueles que mesmo tendo marcas fenotípicas próximas da negritude, serão lidos como brancos na maior parte dos contextos sociais do Ceará e de Fortaleza.
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.
Integrantes:
Geísa Mattos de Araújo Lima – Coordenador
Antonio Sergio Moreira de Santiago Filho (Sevy) – Integrante.